Empresas investem em movimento para trazer funcionários de volta ao presencial

Empresas investem em movimento para trazer funcionários de volta ao presencial

Especialista fala sobre tendência e desafios do novo modelo de trabalho

O trabalho a distância se tornou realidade depois da pandemia e tanto colaboradores como empresas estão se adaptando ao novo cenário desenhado por conta do isolamento social. Todos os envolvidos, empregadores e empregados, tentam se adaptar a um modelo ideal que atenda às necessidades de todas as partes. De um lado, as pessoas se sentem mais confortáveis e têm mais qualidade de vida por trabalharem a distância com as vantagens da redução de custo, otimização de tempo e melhor qualidade de vida. Do outro lado, empresas que entendem as vantagens que têm com esta distância, mas que ainda lidam com a dificuldade de manter a produtividade alta e controlar as tarefas do quadro de funcionários.

Segundo Caio Infante, vice-presidente regional (LATAM) da Radancy e um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil, a grande maioria dos profissionais que hoje estão ativos no mercado de trabalho, algo em torno de 90%, afirma não estar disposta a voltar a trabalhar de forma totalmente presencial – as empresas estão oferecendo diversos benefícios em troca da mudança de mindset, porém, poucas pessoas parecem dispostas a abrir mão da liberdade que o trabalho em casa proporciona. “Uma pesquisa da WPC mostra que este número cai para 70% quando a proposta se limita à presença física por três dias na semana. E se a empresa não for flexível quanto a adotar, pelo menos, uma forma híbrida de trabalho, metade dos colaboradores ativos do mercado se mostram dispostos a ir em busca de uma nova oportunidade de trabalho mais maleável”, afirma.

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Em suas palestras, Caio fala sobre um cenário que vivemos há alguns anos onde não existe mais uma escolha unilateral como antigamente, quando a empresa escolhia quem queria empregar. Hoje, a escolha vale para os dois lados e, cada vez mais, as empresas estão sendo escolhidas pelos talentos. Daí o crescimento da área de especialização de Caio, o chamado Employer Branding. “A maioria das empresas ainda tem dificuldade para falar sobre a importância de investir em estratégia e no posicionamento da sua marca empregadora. A marca empregadora e a marca corporativa se misturam cada vez mais e, por não entenderem isso, as empresas estão perdendo negócios, clientes e talentos”, alerta Caio.

Grandes players do mercado falam diariamente nas redes sociais sobre a importância de as pessoas voltarem 100% ao trabalho presencial ou passarem a ir mais vezes ao escritório. O tema work-life balance (balanço de vida e trabalho) ganha novos contornos com muito mais gente consciente sobre o quanto colocava de foco no trabalho versus nas demais dimensões da vida. Os colaboradores brasileiros, por exemplo, afirmam quererem trabalhar 2,3 dias em casa e as empresas aceitam algo em torno de 0,8, segundo o estudo Working From Home Around The World, feito por seis pesquisadores. “O grande trunfo que as empresas têm na manga para convencer as pessoas a voltarem aos escritórios é o convívio social. A interação entre colegas de trabalho faz parte de um ambiente empresarial saudável e feliz, por isso deve ser sempre incentivada”, exemplifica Caio.

O especialista levanta outras desvantagens que podem ser estudadas pelas empresas para criar um movimento de retorno dos profissionais:

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Perda de privacidade

Ter a família perto pode ser bom, mas também ruim quando se trabalha totalmente a distância. Ser chamado a todo instante para assuntos familiares no meio do trabalho, por exemplo, não é legal.

Excesso de carga de trabalho

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Como o trabalho é no mesmo lugar em que se vive, existe um risco de misturar as coisas e ficar com a cabeça sempre no serviço.

Indefinição de horário de trabalho e lazer

Ocorre facilmente quando não existe planejamento e disciplina.

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Isolamento social

No trabalho remoto é preciso levar em conta que não há conversa com os amigos do trabalho, troca de ideias e boas risadas, o que pode comprometer a saúde mental.

Falta de atualização profissional em processos gerenciais

Mais distante da equipe, é preciso cuidar para que a troca de experiência continue acontecendo, utilizando as ferramentas virtuais.

Ambiente de trabalho anti-social
Sem interação pessoal, olho no olho e comunicação corporal se transmite menos informações. 

Sobre Caio Infante

Caio Infante é formado em Publicidade e Propaganda pela ESPM e possui MBA em Gestão Internacional pela University of Technology, em Sidney, na Austrália. Com carreira profissional desenvolvida na área de Negócios em agências de propaganda do País e do exterior, atuou, também, no site Trabalhando.com como diretor Comercial e de Marketing, chegando a Country Manager da operação. Desde o início de 2017, Caio está na Radancy, onde seu conhecimento sobre marca empregadora cresceu exponencialmente. Hoje, ocupa o cargo de vice-presidente regional da agência, mantendo contato com alguns dos maiores nomes mundiais do tema.

Caio Infante também é um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil, a maior comunidade sobre marcas empregadoras, com mais de 40 mil seguidores nas redes sociais.